… Jump!! / Might as well jump.
Go ahead, jump. Jump!! / Go ahead, jump. (Van Halen)
Colin McRae foi um dos pilotos mais respeitados do mundo dos ralis. A sua incrivel velocidade e competitividade marcaram época no WRC. Por isso mesmo, a sua morte, em setembro de 2007 foi sentida e lamentada por todos.
O escocês foi campeão do mundo em 1995 e sempre esteve entre os piotos mais velozes da categoria. Porém, não disputava o WRC com assiduidade desde 2003, quando foi a primeira vítima da longa mão negra de Max Mosley -que acabou com os terceiros carros das equipes oficiais. A partir daí, e com o inicio da crise do WRC, não mais conseguiu vagas em equipes oficiais, mas ainda assim era um dos homens mais carismáticos do rali, a ponto de ter sido escolhido pelo Codemasters para batizar a série de jogos de rali da gigante gamehouse bretã (‘Colin McRae Rally’, hoje conhecido como ‘DiRT’).
Uma das homenagens mais bacanas já realizadas ao escocês foi feita pela organização do Rali da Suécia, a criação do ‘Colin’s Crest’ (ou o ‘pico do Colin’). O ‘Colin’s Crest’ é um campeonato de salto em distância que usa o topo de um morro como plataforma de lançamento dos carros -com toda a série de problemas que essa manobra pode acarretar. Ou seja, os carros passam por lá em alta velocidade e voam nas estradas geladas de ‘Vargaasen’. Toda essa insanidade no meio da especial cronometrada. Uma homenagem justa a uma dos pilotos mais arrojados do rali mundial.
Os vencedores do prêmio foram: Khalid Al Qassimi (2008, com 36 metros), Marius Aasen (2010, com 37 m), Ken Block (2011, 37 m). E, neste ano, o vencedor foi o estoniano Ott Tänak, com um salto de 32 m.
O Best of Rallye montou um video mostrando a loucura que foi a ‘Colin’s Crest Arena’ no dia da especial. Vale a pena acompanhar.
Foi anunciada nesta quarta-feira que o Power Stage do Rali da Finlândia será o mítico estágio de Ouninpohja. O Rali da Finlândia, oitava etapa do campeonato e que neste ano será disputado na primeira semana de agosto, é um dos eventos mais icônicos do calentário do WRC, com suas curvas velozes e longos saltos. E Ouninpohja, com 33 quilômetros de comprimento, é o seu trecho mais famoso, considerado por muitos como a alma do rali.
O problema é que Ouninpohja foi cortada do evento em 2004 por razões de segurança. A sua média horária havia excedido o limite exigido pela FIA, de 130km/h. Soluções, como o corte do trecho em dois, foram tentadas para manter a especial na prova, mas o fato é que o trecho havia perdido parte de sua mágica com esta violência.
A volta do trecho, ainda na última especial do rali, um posto de honra, que conta pontos para o campeonato e tem transmissão ao vivo pela televisão -ao menos para alguns locais-, este trecho sagrado do rali mundial ganha o destaque merecido.
Para comemorar, dois videozinhos rápidos relativos a Ouninpohja. O primeiro é um comercial que chegou a ser veiculado por aqui também, da Puma, mostrando a loucura que é acompanhar um rali (para vender a linha de roupas batizada com o nome do estágio).
O segundo é um épico, assinado por Antti Kahola, ilustrando este que é um trecho iconico do rali mundial.
‘Ah… É impossível andar com um monoposto na neve. Ainda bem que viemos aqui para o calorzinho de Jerez’. 99% dos pilotos da Fórmula 1 diriam essa frase, considerando calorzinho a temperatura máxima de 12 graus. Mas, se considerarmos a situação da Europa Central (e a onda de frio que cobriu Alemanha, França, Itália e países no entorno), parece que a alegação é verdadeira é é impossível andar na neve com um monoposto.
Pois bem, Andy Gülden -com o apoio da equipe de instrutores de Nürburgring- mostrou que não é bem assim, que dá sim pra andar de monoposto na neve. E, pra completar a aventura, no mítico traçado Nordschleife. Ok, é um Fórmula BMW modificado (ou Formula Nürburgring) e ele rebola mais que mulata no dia do desfile de escola de samba. Mas o monoposto está lá, andando para a frente a uma boa velocidade, com o condutor peleando e colocando o carro de volta nos trilhos, como deve ser a pilotagem de um carro. Os caras foram legais e tb criaram um viral colocaram o vídeo na rede. Divirta-se (e, se vc estiver derretendo no calor do verão brasileiro, aproveite para se refrescar vendo as imagens)
(dica do ótimo @GrandPrixDiary)
O que irá me acontecer… O meu destino será como Deus quiser… (Monobloco, samba-enredo da União da Ilha no carnaval de 1978)
Eis que depois de muitos rumores, a Prodrive anuncia que segue no WRC como preparadora e equipe semi-oficial da Mini/BMW. E, como equipe oficial, fica a Motorsport Italia, com o nome Mini Portugal World Rally Team, com o português Armindo Araújo e o brasileiro Paulo Nobre como seus representantes. No fim, pouca coisa muda, já que a Motorsport Italia cuidava dos programas Portugal WRT (de Armindo Araújo) e Palmeirinha WRT (de Paulo Nobre) e ambos participariam de todos os ralis de toda a forma.
Ou seja, na prática, a pretexto de cumprir a regra de homologação (que a equipe oficial da fábrica precisa participar de todos os ralis para poder inscrever um novo modelo homologado no ano corrente), a Motorsport Italia vira equipe M1 (oficial) e a Prodrive vira M2 (satélite). É uma ótima notícia para Armindo Araújo e Paulo Nobre, que se tornam pilotos oficiais de fábrica quando esperavam que teriam um programa de equipe satélite (e possivelmente com carros defasados com relação aos carros oficiais da Prodrive). Talvez não seja uma boa notícia para Dani Sordo, apesar da Prodrive jurar que nada muda, afinal deixa de ser o principal representante da marca e agora tem certeza que não participará de toda a temporada (não brigando pelo título). E certamente não é boa para Kris Meeke, que, pelo menos a princípio, segue como ‘prisioneiro’ da Prodrive, com contrato na mão mas sem lugar para entrar.
Parece ruim? Parece. E até é. Mostra que a situação entre BMW e Prodrive não foi totalmente resolvida para este ano. Mas não é tão ruim. É melhor do que as outras soluções aventadas no final da semana passada, quando os rumores surgiram (a Mini larga a Prodrive e acaba com o programa WRC ou a Mini larga a Prodrive e nomeia a Motorsport Italia como preparadora oficial).
Restam saber alguns detalhes de bastidores, do tipo como será a relação BMW-Prodrive depois de toda essa confusão, como será o financiamento do projeto da Mini no WRC, se esta é uma solução definitiva ou ano que vem a Prodrive volta a ser a equipe oficial da Mini e se o programa Prodrive tem mudança depois de toda essa confusão. O que o Max Rally trás é que, na verdade, o divórcio aconteceu porque a BMW decidiu investir mais no DTM neste ano ao invés de investir o que tinha sido acertado no WRC. Até pela falta de cobertura em território alemão, o que coloca a outra crise em curso do WRC no meio desta conversa. Isso deixou a Prodrive sem ter o que fazer, deixando de lado Kris Meeke, que tinha a vaga como segundo piloto, em busca de pilotos pagantes.
Mas, para quem não sabia como seria o dia de amanhã, não está de todo ruim. Até porque, de alguma forma, a BMW mostra que pretende investir no mundial a longo prazo e manter a Mini no WRC. Não é nada, não é nada… É alguma coisa.
PS. No fim isso gera duas situações curiosas. A primeira é que agora temos uma marca originalmente inglesa (Mini), que pertence a um conglomerado alemão (BMW), cujo carro é preparado numa oficina inglesa (Prodrive), que tem uma equipe oficial italiana (Motorsport Italia), com nome português (Portugal WRT) e um piloto brasileiro (Paulo Nobre). Um samba do crioulo doido -ou, se preferir, ‘globalização, baby’. E a segunda é que Palmeirinha pode ter que correr com um carro preto-e-branco (cores dos maiores rivais do time do coração de Paulo Nobre, Corinthians e Santos).
Eis que a apresentação do carro da Ferrari, marcada para amanhã, foi adiada porque caiu uma nevasca em Maranello. A tempestade de neve foi forte e atingiu toda a Europa central, incluindo o norte da Itália. É o que nos provam estas imagens.
Certamente houveram os que falaram que o adiamento era a única alternativa, afinal o shakedown seria perigoso e Ferraris não andam na neve. O fato é que só falam isso porque os atuais responsáveis pela condução dos carros da Scuderia são uns verdadeiros bundões. Afinal, se fossem competentes, não existiria tempo ruim pra andar com uma Ferrari. Até mesmo na neve. É o que nos mostra Markku Alen, campeão mundial de rali de 1978:
Rali da Suécia vem aí. Claro, ainda tem muita coisa pra passar por baixo da ponte e a negociação do Promotor do campeonato parece estar vivendo momentos bipolares. Mas o importante é que os pilotos enfrentarão as estradas cobertas de neve em pouco mais de uma semana, abrindo a segunda etapa do Mundial.
Alguém que não tem a menor ideia de como competir na neve é Thierry Neuville, o novo Loeb, segundo a Citroen. E, por isso mesmo, resolveu ter umas aulinhas de como pilotar na neve. Pra isso, entrou na escolinha do Professor Tommi Makinen pra pegar as manhas e aprender como se anda daquele jeito como um verdadeiro nórdico.
A aula? Tá aqui, ó:
‘Não sou um anjo – Revelações inéditas de Bernie Ecclestone sobre a sua atuação nos bastidores na Fórmula 1’ não se apresenta como uma biografia do mandatário da Formula 1. Mas acaba funcionando como tal. Na falta de biografias críticas ao baixinho octogenário inglês, a leitura do livro do historiador inglês Tom Boyer é como uma flor de cactus no meio do deserto…
Uma das frases que chamam a atenção no começo do livro é a que teria sido dita pelo próprio manda-chuva da Fórmula 1 a Boyer ainda no primeiro encontro de ambos. ‘Tom, não sou um anjo’, falando sobre a sua vida e obra -frase que batiza o livro. E, depois disso, sempre que instado por eventuais entrevistados sobre o que dizer a Boyer, a resposta de Bernie sempre teria sido a mesma: ‘[diga] a verdade. Não e preocupe comigo’.
Esta postura mostra uma faceta que tem feito do baixinho inglês um verdadeiro fenômeno do esporte. Um sujeito sem medo dos oponentes ou interlocutores, que aposta -e normalmente ganha.O livro mostra a trajetória de um sujeito que saiu de umia situação ce pobreza até ser um dos homens mais ricos da Inglaterra. Não é, tecnicamente, uma biografia por não conseguir penetrar mais a fundo na vida pessoal de tio Bernie, mas tem histórias interessantes sobre a trajetória do vendedor de motos fanático por corridas que acaba se tornando o dono do circo da principal categoria do automobilismo mundial, fazendo-na uma verdadeira de fazer dinheiro. E, lendo o livro, dá até para entender algumas atitudes do almofadinha que transformou a Formula 1 numa competição de garotos mimados e que terminam as corridas com os carros sem arranhões.
Por outro lado, vendo a compilação de histórias costurada por Tom Boyer, se percebe que o foco e as prioridades de Bernie vão se moldando confirme o tempo passa. E, no final, a ideia de que tio Bernie ama as corridas acaba se dissipando – e, sim, todos sabemos quais são as prioridades dele. Talvez o detalhe que dê a noção do que Tio Bernie realmente gosta é o livro não ter muito mais do que um parágrafo sobre Gilles Villeneuve, uns três parágrafos sobre Ayrton Senna, não muito mais do que duas páginas sobre Nelson Piquet (somando pai e filho), e ter algo em torno de dois capítulos sobre uma figura desprezível como Flávio Briatore.
Claro, há a confirmação de algumas teorias curiosas e largamente difundidas sobre a vida particular do tio Bernie, como, por exemplo, quem mandava no casamento de Ecclestone e Slavica. Mas, no geral, fica a sensação que havia a possibilidade de aprofundar assuntos mais interessantes do que os que foram aprofundados -enquanto outros temas que poderiam ser mais explorados ficaram deixados de lado.
Que Sebastien Loeb venceu o Rallye Monte Carlo, não é nenhuma novidade. Afinal, nas últimas sete visitas do Mundial a Monaco, em cinco ele saiu com o troféu de vencedor do Palácio do Príncipe de Mônaco -e em uma, na primeira, não saiu como vencedor por um erro primário (trocou pneus fora do parque de serviço)-, e não seria nenhuma surpresa vê-lo como vencedor também nesta edição. Por tudo isso, ele é o novo Rei de Mônaco. E uma das provas deste fato foi ele, Loeb, ter dispensado o Principe Albert da entrega dos troféus.
Outra prova de que a Família Real monegasca mudou é este vídeo aqui, mostrando Loeb mostrando quem é que manda no Principado.
Peço desculpas por começar o texto, assim. Eu já estou começando a me cansar dos memes da internet e imagino que os cinco amigos do Col possam pensar da mesma forma. Mas, de toda a forma, como este é um meme de uns quatro meses atrás, na pior das hipóteses vou ser chamado de velho ou desantenado, o que não é exatamente ruim nestes dias.
Mas hoje é o dia em que os participantes do Rallye Monte Carlo passarão pelo mítico Col de Turini. O trecho mais famoso do rali de velocidade mundial e que fez muita falta nos três anos em que não esteve no campeonato. Imagine um campeonato de Fórmula 1 tolhido da graça do GP de Mônaco e da emoção do GP da Bélgica. É mais ou menos o que Max Mosley fez com o WRC em sua tétrica passagem pela Presidência da FIA.
Mas falava do Col de Turini. As duas passagens por Moulinet – La Bollene Vesubie serão o pano de fundo para este momento histórico do Rallye Monte Carlo. E, para melhorar, ainda numa passagem noturna, o que não vinha acontecendo há algum tempo, mesmo com Monte Carlo no WRC. Para relembrar a história e admirar o trecho onde os carros, esgrimindo os fachos de luz, sobem e descem o morro num asfalto com aderência de um piso ensaboado e no fio da navalha, tentando andar o mais rápido possível.
E sem contar que o rali é a modalidade do povo no automobilismo. Diferente do vendedor de carros que não gosta de rali porque suja os seus sapatos de couro italiano. E, melhor ainda, sem precisar pagar os ingressos para este mesmo panaca. A galera reunida sobre o morro, festejando junta, fazendo festa, num espetáculo além do de dentro da pista.
É sobre isso que estamos falando.
OBS. Ano passado postei um texto sobre a passagem do WRC pelo Col. Mas se você estiver com mais 20 minutos sobrando, veja o trabalho feito por Petter Solberg em 2002. Outra dica é a do Julio Cezar Kronbauer, que sugeriu a passagem do mito Colin McRae pelo trecho na mesma edição.